O Céu, o Homem e a Terra

A certa altura durante a minha aprendizagem de feng shui, num contexto de metafísica oriental, oiço que a vida é composta pela energia do céu, do homem e da terra. Esta tricotomia aparece depois em vários contextos, vários cálculos e sempre me fez sentido. Sinto que vem ao encontro da minha procura de ‘totalidade’. Dividir a vida em três fatias e saber que dentro dessas fatias cabe ‘tudo’ dá-me um grande conforto.

Ao longo do tempo este modelo tripartido tem-se enriquecido, é como se no início fosse apenas um quadro quase em branco com três elementos. Aos poucos esses elementos vão-se expandindo até ocupar a tela toda, vão ganhando cor, vão ganhando detalhe, vão ficando mais nítidos, mas não são estáticos…afinal o quadro é mais um como uma tela em que se projecta um mundo em movimento.

A energia do céu é a energia emanada pelos corpos celestes e existem vários modelos astrológicos que identificam o seu padrão e que foram estudados e desenvolvidos ao longo do tempo pelas diversas civilizações. Influenciando-nos ao longo de toda a nossa vida, é no momento do nascimento que nos é colocado como que um ‘carimbo’ energético que nos irá acompanhar e influenciar (não determinar) a nossa vida.

A energia da terra é a emanada directamente pelo planeta e pode ser abordada através do feng shui. Em traços muito largos podemos dizer que a nossa vida é influenciada pelo espaço em que vivemos e pela forma como o ocupamos. A energia da terra manifesta-se também directamente em nós, na nossa formação enquanto seres físicos e é essencial para a vida, tal como a energia do céu. Ambas são como que’ alimentos’ essenciais sem os quais a vida não acontece.

A energia do homem é das três talvez a mais visível para nós. É a que nos parece que tem mais impacto na vida e até há quem diga que é a única que existe. Está incluído nesta categoria tudo o que é inerente à humanidade: a cultura, as comunidades, as famílias, as artes, as decisões que tomamos, incluindo o que comemos, a actividade física que praticamos, o que construímos, o que estudamos.

Quer a energia do céu quer a energia da terra representam influências. Não devemos por isso entregar-nos apenas a elas ou ‘adormecer à sua sombra’. Devemos sim usar o nosso livre arbítrio para tomar decisões que favoreçam a nossa vida e a dos outros, tendo em conta quem realmente somos, qual o nosso potencial, as nossas fragilidades, no sentido de tirar o maior partido desta dádiva do Universo que é a Vida.