O Outono e a Gestão dos Haveres
Se a primavera é conhecida como a estação das limpezas, o outono deveria ser conhecido como a estação da gestão dos haveres.
O outono situa-se na transição entre o verão e o inverno. É uma estação intermédia entre a total expansão, socialização e abundância do verão e a interiorização e contracção do inverno, em que os níveis de actividade da natureza estarão no seu mínimo e as nossas necessidades se reduzem ao essencial.
É no outono que as nossas capacidades de gestão estão mais apuradas uma vez que é nesta fase que devemos seleccionar o que ficou do verão e que queremos manter no inverno e o que, já não nos servindo, será melhor eliminar.
De uma forma mais abrangente nesta fase do ano devemos avaliar não só o que ficou do passado recente mas também o que já vem mais de trás, o que já não nos é útil neste momento e o que queremos preservar para o futuro.
Na realidade este processo de avaliação deveria ser um processo contínuo. Também o nosso corpo a um nível celular está preparado para isso, criando células novas e eliminando as que já não nos servem. Mas muitas vezes nem temos consciência de que é necessário fazer esta gestão.
E qual é o problema de não gerir os nossos haveres? Qual o problema de ir acumulando coisas, entre o que compramos, o que nos dão e o que não deixamos ir? Ao termos ligações energéticas com todos os nossos bens e com os dos espaços em que permanecemos mais tempo criamos
percepções sobre quem somos, por vezes negativas ou desactualizadas e que perturbam o curso da nossa vida.
Uma forma de abordar esta gestão é olhar para os nossos objectos como um conjunto (que inclui tudo), formado por outros (sub) conjuntos (das várias categorias que queiramos utilizar para as categorizar). A noção de conjunto é de facto muito útil quando pretendemos gerir.
É importante olhar para cada (sub) conjunto como um todo e avaliar se serve as nossas necessidades. Na realidade é com aquele conjunto que temos que viver determinado aspecto da nossa vida. Perante um conjunto em concreto, por exemplo de’ Bijuterias’, que perguntas posso fazer?:
Tenho colares para várias ocasiões? Tenho pulseiras? Gosto de usar? Estão coordenadas com os colares ou com os brincos? Tenho demasiadas peças? São insuficientes?
Olhar para o conjunto permite-nos perceber várias coisas:
- O que tenho em excesso (talvez vários brincos da mesma cor)
- O que me falta (poderei não ter nenhum colar prateado)
- O que já não gosto (não gosto mas ali estão eles!)
- O que já não gosto (não gosto mas ali estão eles!)
- O que nunca uso, apesar de gostar (não tenho roupas em que eles se possam enquadrar…)
- O que está estragado/avariado ou a precisar de limpeza/manutenção (a alguns colares falta o fecho e há brincos que por não serem usados oxidaram)
Por fim devo avaliar a qualidade geral das peças do conjunto (Tenho boas peças? É tudo de fraca qualidade? Está tudo fora de moda?)
E agora o mais importante: Como é que eu quero que seja este conjunto?
Ter uma visão global ajuda-me a tomar consciência da situação, apoia-me na definição de uma estratégia para o conjunto, a fazer o exercício de escolher o que quero. É a base para planear a escolha das próximas peças e a evitar as compras por impulso.
Ter esta visão de conjunto ajuda-nos também a reconhecermos-nos, ou pelo menos a ver como tem sido a nossa atitude e a nossa expressão até aqui.
Quando não há consciência, quando tudo acontece em modo automático será fácil perante um conjunto feito de peças desirmanadas e de fraca qualidade ter a percepção, por exemplo, de ‘Não tenho nada…’. Percepção essa que está directamente ligada a um nível mais inconsciente ao ‘Não sei quem sou’ ou ao ‘Não tenho valor’.
A avaliação de todos os conjuntos que temos pode não ser possível num curto espaço de tempo, e talvez também não seja necessário percorrer todos os haveres agora. Se começarmos pelos conjuntos que nos saltam mais à vista, que nós sabemos que precisam da nossa atenção ou até aqueles com os quais nos relacionamos directamente neste momento, aos poucos, durante o ano e de uma forma progressiva poderemos ir abordando todos os outros.