Bazi e a Paz no Mundo

Li há dias um artigo que referia que um importante conflito político dos nossos tempos não tem um fim há vista, entre outras razões, porque não há ‘educação para a paz’ nos respectivos territórios. Ou seja, não é feita a apologia da gestão de conflitos sem recurso à violência.

Pensei que o que está na base dos conflitos, independentemente da forma como depois são geridos, é a falta de conhecimento que temos sobre nós próprios e também sobre os outros. Não somos todos iguais, como dizia o anúncio do banco.

De facto não somos. Não temos as mesmas características, as mesmas necessidades, o mesmo potencial, os mesmos desafios.

Se agirmos sem olhar para dentro, sem nos conhecermos, podemos ambicionar o mesmo que o outro, só porque sim, e lutar por isso sem que isso seja verdadeiramente importante para nós, para as nossas necessidades ou para a nossa evolução.

Se nos conhecermos sabemos porque razão agimos de determinada maneira. Aprendemos a aceitar-nos, a não nos criticarmos sistematicamente, a não desejar ser de maneira diferente, a saber o que queremos e o que não queremos, o que é mais importante em cada momento e o que é dispensável.

Ao estudar Bazi – Astrologia Chinesa, percebi que no momento do nascimento somos marcados com um selo energético que influencia toda a nossa vida. Não a determina, porque isso seria ignorar o próprio processo da vida, o nosso livre arbítrio, a possibilidade de a cada momento fazemos escolhas, mais ou menos conscientes.

Esse selo energético, a que podemos chamar neste caso ‘os 4 pilares do destino’ é suficientemente detalhado para nele vermos características, potencialidades de saúde, de relacionamentos, de carreira, a percepção do que nos rodeia, as relações com os nossos pais e muitos outros aspectos.

Este selo energético é como um condicionamento, como o cenário para o filme da nossa vida, que não foi uma escolha consciente e ao qual não podemos fugir. Pelo contrário, talvez devamos mesmo é conhecê-lo bem e tirar dele o maior partido possível.

 

Ao percebermos que todos os outros com quem lidamos diariamente foram também ‘marcados’ de determinada forma no momento do nascimento, percebemos que também para eles não é tudo possível, não poderiam ser de uma forma muito diferente da que são, ou melhor, talvez até pudessem, podemos muitas vezes fazer mais com aquilo que nos é dado, mas o princípio da aceitação do que ‘é’ opõe-se à crítica, à exigência e à incompreensão.

E o tempo? Temos muitas vezes uma relação estranha com ele, sobretudo no que respeita às fases da nossa vida. O tempo trás consigo características que se juntam às que recebemos no momento do nascimento e nos tornam pessoas diferentes ao longo do nosso percurso.

É preciso aceitar essa inevitabilidade. É preciso também aceitar que o tempo não só nos torna diferentes mas trás dinâmicas de vida: mudanças de casa, mudanças de cidade, mudanças de país, alteração do círculo de amigos, aproximações, reaproximações e afastamentos.

Senti que o Bazi, se devidamente divulgado e utilizado poderia ser uma importante ferramenta para o estabelecimento da paz no mundo. Não me parece que pudesse desfazer importantes conflitos de poder a nível político, mas ao nível social, mais micro, poderá promover o entendimento, a cooperação e o respeito e isso será sem dúvida a base para a criação de sociedades mais harmoniosas, equilibradas e saudáveis.

Teresa Borges de Sousa - Publicado no nº5 da revista “Vento e Água – Feng Shui Lifestyle” - 01 de Maio 2018