Feng Shui no Processo de Cura

Uma das ideias mais divulgadas relativamente ao feng shui é a de que a casa e o que lá colocamos influenciam a vida dos seus habitantes. Totalmente verdade. A partir daí podemos pensar em colocar a casa ao nosso serviço, no sentido de ‘abrir espaço’ para entrar nas nossas vidas tudo o que pretendemos.

Há quem queira ter mais dinheiro, há quem queira ter um relacionamento amoroso, há quem queira constituir família, há quem queira viajar, ter mais amigos, ser famoso, ter saúde e tantas outras coisas. E será que através do feng shui podemos trazer tudo isto para as nossas vidas? No início da minha formação em feng shui aprendi técnicas que fazem com que a energia de cada uma das áreas de vida flua melhor na nossa direção mas com o tempo percebi que, para além disso, temos nós dois grandes papéis a desempenhar: o primeiro é o de agir e o segundo é o de estar receptivo. Agir no sentido de fazer as coisas acontecerem. Tomar decisões que nos possam levar até ao nosso objectivo. Podem existir ventos favoráveis, mas se nem colocamos o barco na água não vamos a lado nenhum. Estar recetivo significa aceitar o que nos é dado. Por exemplo, podemos querer muito viajar mas observar que apesar de todos os esforços nunca o fazemos porque as oportunidades existem e nem as vemos, ou existem e achamos que não é o momento e portanto recusamos. Podemos até ficar assustados com a ideia de viajar apesar de o querer muito fazer. Ou seja, apesar de dinamizarmos a energia na casa com um determinado objectivo podemos não fazer a nossa parte ou até bloquear os processos, mesmo que inconscientemente, e portanto acabamos por não cumprir os nossos intentos.

Ao tomarmos consciência do nosso livre arbítrio pensamos que decidimos tudo na nossa vida mas na realidade, e sem prejuízo das nossas decisões conscientes, há um lado de nós, formado por uma complexa rede de crenças interlaçadas, que governa a nossa vida ‘na sombra’, que regula a forma como reagimos e que nos impulsiona na tomada de decisões. Tomei consciência então de que o que verdadeiramente governa a nossa vida são esses padrões energéticos subconscientes e inconscientes que trazemos connosco e que podem ter sido criados (ou activados) na infância, trazidos de vidas passadas ou herdados geneticamente dos nossos antepassados e não propriamente a lógica, a racionalidade e o que conscientemente queremos. É o lado ‘sombra’ que atrai energeticamente o que nos rodeia criando assim a nossa realidade. Uma vez que é criada a partir desses padrões internos, se não lhes acedermos e se não os modificarmos, a vida tende a repetir-se, e no limite a estagnar.

O Diagnóstico

A nossa realidade é como um reflexo do que temos dentro, como um espelho que nos permite observar indirectamente o nosso eu mais profundo para o curar e elevar. A um nível mais micro também a nossa própria casa é um mapa do nosso interior, que de variadas formas expressa o que temos dentro de nós.

O desenho da planta da casa feito pelo habitante – um elemento do feng shui simbólico® – pode ser a porta para descobrirmos os padrões energéticos que nos impedem de alcançar o que pretendemos.

O desenho da planta conta uma história e apresenta simbolicamente elementos que são expressão do que somos aqui e agora e simultaneamente resultado das nossas experiências passadas. O desenho pode mostrar, se desenharmos de uma forma livre, marcas profundas e feridas que acumulámos no nosso desenvolvimento e que naturalmente influenciam também a forma como perspectivamos o futuro.

Com base na planta desenhada é possível começar uma conversa que se direcciona para a infância, para a família de origem e para as relações existentes, para os acontecimentos, momentos no tempo e particularidades dessa fase inicial de vida. 

A partir daí podemos chegar a crenças que foram criadas nessa fase primária da nossa vida, que poderão ser comuns a vários elementos da família, numa linhagem familiar, ou estar relacionadas com memórias de vidas passadas ou padrões energéticos da nossa alma ou da consciência colectiva.

O desenho pode apontar para questões mais específicas de uma área de vida ou apontar para questões mais genéricas como por exemplo: o fecho da pessoa relativamente ao seu meio ambiente, o perfeccionismo, a timidez, a sensação de se sentir limitado ou a necessidade de se impor. De qualquer forma o nosso sistema energético é constituído por uma teia complexa de crenças e, portanto, há sempre interligações entre as várias áreas de vida.

As descobertas de crenças são muitas vezes desconcertantes uma vez que muitas vezes não temos noção de que residem em nós. Para ilustrar apresento de seguida algumas crenças limitadoras que podemos ter no nosso sistema energético, associadas a cada área de vida. De notar que as crenças são como programas que temos em nós e que criam a nossa percepção do mundo. Conscientemente podem não ser verdades mas mesmo assim existirem nesse nosso complexo sistema interno.

Temas de Vida e Exemplos de Crenças Limitadoras

Relacionada com a nossa essência e as escolhas do caminho de vida.

Relacionada com o feminino, com a maternidade, com o corpo e com as relações amorosas.

Relacionada com a família, com as raízes que nos alimentam, com o passado e com a capacidade de iniciar projectos e de os fazer crescer.

Exemplos de crenças:

  • Não existo; não posso ser quem sou; não tenho coragem; sou medroso; ter ideias é disparatado; sou muito impulsivo;

Exemplos de crenças:

  • Não sou amada; Não me amo; Não tenho capacidade para ter filhos; Não gosto de mim; O meu corpo é feio; a minha mãe não me ama;

Exemplos de crenças:

  • Não sou aceite pela minha família; Não posso iniciar nada; Não consigo construir nada; não sou aceite pelos meus pais;

Relacionada com a capacidade de receber, com a sorte, com a abertura para o desenvolvimento e com a comunicação.

Relacionada com a integração de todas as áreas de vida, com a integridade, com a união com a família e com a saúde.

Relacionado com o masculino, com a capacidade de liderar, de planear, de apoiar os outros, e de acumular experiência e dinheiro.

Exemplos de crenças:

  • Não mereço; viajar é perigoso; não se fala com estranhos; não tenho sorte; comigo nada se desenvolve;

Exemplos de crenças:

  • É melhor estar sozinho; não sou importante; sou doente; não presto para nada; estou sempre doente; a minha vida é uma confusão;

Exemplos de crenças:

  • Ter dinheiro não é importante; não sou ouvida; não sou apoiada; o trabalho é só para os homens; os homens são maus; os homens bons já estão ocupados; o dinheiro não trás felicidade; o dinheiro é sujo;

Relacionado com a finalização de projectos e com a capacidade de os festejar e celebrar. Com o descanso e divertimento que lhes sucede. Relacionado também com a gestão dos recursos e com o equilíbrio entre poupar e gastar.

Relacionado com a capacidade de meditação, de contemplação, de procura de conhecimento e de decisão prévia ao início de qualquer projeto.

Relacionado com a capacidade de nos expressarmos e expandirmos, de nos reconhecermos e de sermos reconhecidos, de socializarmos.

Exemplos de crenças:

  • Não me posso divertir; o futuro é escasso; nunca acabo nada, gerir é desgastante, devo guardar tudo porque posso precisar no futuro;

Exemplos de crenças:

  • O conhecimento não me acrescenta nada; se decidir perco sempre alguma coisa; agir é perigoso; deus decide por mim; é preferível não me conhecer;

Exemplos de crenças:

  • Não posso expressar quem sou; não é seguro expressar as minhas emoções; não sou visível aos olhos dos outros; a beleza é fútil; socializar é perigoso;

A Cura

Identificadas algumas crenças limitadoras é preciso lidar com elas. Algumas, talvez as mais simples, ou que estão a um nível mais superficial podem desaparecer só por tomarmos consciência delas. Outras podemos saber que as temos e não se vão embora assim tão facilmente. Estas estão associadas a uma crença-raiz, mais profunda e que lhe deu origem. O passo seguinte será substituir estas crenças por outras úteis à vida. Para esse efeito podem ser utilizadas técnicas de Thetahealing, um processo meditativo de cura.

Sempre que a nossa vida não corresponde ao que desejamos, sempre que não está alinhada com o que sentimos ser o nosso propósito ou o nosso direito de vida. Sempre que sentimos que não há alinhamento entre a nossa vida e a nossa essência isso significa que há algo no nosso sistema energético que nos bloqueia, que nos limita, que perturba a nossa existência e não nos permite ser verdadeiramente felizes.

O feng shui simbólico®, no modelo que nos apresenta relativamente às 9 áreas de vida e do desenho da Planta Emocional, associado a um conversa aberta e profunda, permite-nos ter pistas sobre as nossas áreas mais problemáticas. As técnicas de thetahealing permitem-nos substituir as crenças encontradas através do diálogo, de imediato, por outros padrões energéticos positivos curando literalmente a nossa vida.

Teresa Borges de Sousa Publicado no nº18 da revista “vento e água – feng shui lifestyle” de 1 de Fevereiro de 2020